... vou mudar de sistema operativo no meu computador.
No início de Dezembro de 2001 chegava a minha casa um computador novinho em folha, com o também ele novíssimo Windows XP em Inglês ainda por instalar - a versão portuguesa ainda nem sequer tinha sido lançada quando encomendei o computador.
Gostei do sistema: era robusto, estável e mais seguro do que os anteriores e havia uma boa razão: o Windows XP inaugurou uma era na informática de consumo - até então os sistemas operativos gráficos da Microsoft como o Windows 95, 98, 98SE e ME eram um híbrido entre o antigo DOS e o Windows.
Com o Windows XP a Microsoft implementava num sistema operativo destinado ao mercado de consumo o núcleo do seu sistema operativo destinado ao mercado empresarial, o Windows NT (New Technology), unificando os dois mercados. O núcleo do NT trazia benefícios claros: maior estabilidade e robustez geral; praticamente deixava de haver ecrãs azuis e seria já raríssimo que uma aplicação mal comportada implicasse reiniciar o sistema: pura e simplesmente encerrava-se a dita sem afectar as outras ou o próprio sistema operativo.
Era certo que o Windows XP, tal como o Vista em relação ao XP, quebrava muita compatibilidade com o software anterior; mas justificava-se: o Windows NT tinha sido construído de raiz como sistema operativo, com maior robustez, enquanto que os Windows da família 9x eram um híbrido entre o DOS e o Windows, com parcelas de código ainda de 16 bits e com muitas tecnologias antigas incorporadas para manter a compatibilidade, o que as prejudicava em termos de possibilidades de futuro. E portanto, se é certo que os consumidores passavam a ter um sistema menos compatível com o passado, também passavam a ter um sistema operativo "a sério". E como em tudo, o passar do tempo encarregou-se de melhorar o que já estava bem e de colmatar com novos produtos o que tinha deixado de funcionar.
Oito anos depois o Windows XP é um sistema maduro, testado e melhorado face à versão inicial, e uma plataforma sólida para quem quisesse trabalhar. Oito anos também dá tempo a quem demora mais a aprender um sistema operativo e a familiarizar-se com ele.
Há praticamente três anos saiu o Windows Vista, mas como é sabido e sentido, as profundas alterações em relação ao Windows XP fizeram com que pequenas coisas do dia-a-dia se tornassem mais difíceis de fazer. Maior lentidão, menor intuitividade em realizar certas tarefas e incompatibilidades várias eram as principais causas de queixa dos utilizadores, quer no mercado doméstico, quer empresarial. Muitas empresas permaneceram com o Windows XP, e muitos em casa também.
A Microsoft era vítima de si própria: por diversas vicissitudes de desenvolvimento do seu sucessor, o Windows XP tinha ficado mais anos no mercado do que a Microsoft queria, e, com 5 anos de reinado estava instalado em milhões de computadores; era um standard e estava realmente muito bom face aos aperfeiçoamentos de que tinha sido alvo ao longo dos anos. Além disso não havia ainda a real necessidade de mudar, muito menos quando a percepção era a de que era para pior.
O Windows Vista foi no entanto aperfeiçoado nos entretantos: o Service Pack 1 resolveu muitos dos problemas iniciais e os fabricantes de hardware que ainda não tinham os drivers para os seus produtos afinados foram aperfeiçoando os ditos ao longos dos meses que se seguiram ao lançamento do Vista, e entretanto já saiu também o Service Pack 2 e recentemente o Platform Update, que, no seu conjunto resolvem boa parte das queixas e colocam o Vista a par das últimas tecnologias, ainda que deixem as principais questões de usabilidade na mesma. No fim de contas, o Windows Vista já tem boa parte do proveito, mas era muito difícil conquistar a fama que já merecia. Esse papel estava destinado a uma versão ainda melhor.
Com o Windows 7 a Microsoft não arriscou: começou a ouvir atentamente o que as pessoas e empresas tinham a dizer e encetou um diálogo proveitoso para todos; começou a aceitar críticas e a implementar as respectivas soluções; e mais importante, trabalhou directamente com os fabricantes de computadores e hardware para maximizar a compatibilidade e a performance, de modo a resolver os problemas que afectavam o Vista. Também importante foi o trabalho prévio que já estava feito ao longo dos meses após o lançamento do Windows Vista: o Windows 7 é construído sobre a plataforma deste - o núcleo é o mesmo, ainda que com muitas afinações e melhoramentos.
Hoje o Windows 7 apresenta-se como um sistema rápido, estável, intuitivo, que simplifica a vida ao utilizador, em pequenas coisas como instalar automaticamente os drivers para uma impressora sem termos que fazer nada, e acima de tudo, com uma versão de 64 bits evoluída, com os fabricantes de drivers a providenciarem prontamente uma panóplia de drivers já muito aceitável para os equipamentos mais correntes.
A transição do Windows XP para o Windows 7 é provavelmente a transição de milhões de utilizadores que vão passar de um sistema operativo de 32 bits para um de 64 bits. É verdade que já havia a versão Professional do Windows XP de 64 bits lançada em 2004, mas o suporte de drivers era ridículo e o sistema nunca teve grande penetração no mercado, até porque era a versão destinada a profissionais. O Windows Vista já foi lançado com as duas versões em simultâneo, de 32 e de 64 bits, dado que a maioria dos processadores nos computadores à venda nessa altura já suportavam os 64 bits, mas era necessário escolher à partida, no acto da compra qual a que se queria, e muitos utilizadores e até fabricantes, por cautela - com medo de não haver todos os drivers para o hardware instalado, ou de estes não funcionarem a 100%, compravam e instalavam a versão de 32 bits.
O Windows 7 também saiu nas duas versões de 32 e 64 bits, mas agora o cenário é diferente: os jogos e outras aplicações já começam a tirar partido de 4GB de memória ram, e com o passar do tempo vão começar a tirar partido de mais, e um sistema operativo de 32 bits, por limitações técnicas que seria fastidioso estar aqui a explicar, pura e simplesmente não consegue tirar partido de mais do que 3,5GB em média (pode ser ligeiramente mais ou até menos). Se aliarmos a isso o facto de os fabricantes de hardware já terem alcançado um patamar em que desenvolvem drivers para os seus produtos tanto em 32 como em 64 bits sem demoras nem problemas de maior, deixa de haver obstáculos, resistências e reticências à adopção de sistemas operativos de 64 bits.
Marca-se assim o início do fim de uma era, a do software de 32 bits, que conhecerá com o Windows 7 o verdadeiro início da massificação dos 64 bits. Ainda não vai ser nos próximos anos que o software de 32 bits vai desaparecer, talvez daqui por sete, ou mais anos, mas o facto é que os 64 bits estão a tornar-se não só 100% viáveis, como uma necessidade.
Para os que estão com receio de que os programas que têm e que serão todos de 32 bits não funcionem num sistema operativo de 64 bits, não é preciso o receio: o Windows tem um sistema chamado WoW (Windows on Windows) que permite correr as aplicações de 32 bits num ambiente de 64 bits sem qualquer perda de performance e sem qualquer problema de compatibilidade. O único eventual entrave é se tiverem aquelas aplicações muito velhinhas, ou alguns jogos antigos, da década de oitenta e primeira metade da de noventa, que serão de 16 bits, então terão de comprar o Windows 7 Professional ou Ultimate, que traz o Windows XP mode, de modo a poderem correr nele essas aplicações - é que o Windows 7 de 64 bits, embora corra sem problemas software de 32 bits, não corre o de 16 bits - de todo.
Retomando onde comecei: há praticamente oito anos chegava a minha casa o Windows XP; ontem chegou o Windows 7, e vou instalá-lo de seguida. Desta vez não é porém uma novidade completa do ponto de vista do uso: há praticamente um ano que tenho o Windows 7 instalado lado a lado com o XP, primeiro na versão Beta e depois na versão Release Candidate, sendo portanto um passo seguro e convicto de que é para melhor.
No próximo post exporei o processo de backup necessário para tornar possível esta empreitada.
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